Detalhes.

    A parte mais difícil e também a mais interessante na restauração do Puma foi trabalhar com os pequenos detalhes do carro.

    Meu puma é 1973. Isso foi um enorme golpe de sorte (será?) pois considero como um dos melhores anos das Pumas produzidas.

    Basicamente, as Puma fechadas (e pequenas) tiveram quatro estilos marcantes enquanto foram produzidas em São Paulo (atenção, basicamente!). Até 1972 a Puma estava descobrindo a arte de fazer um carro em série. A carroceria tinha detalhes mais pronunciados, mais fortes.

    Em 1973 houve uma mudança e alguns detalhes foram substituídos por soluções mais práticas. Em 1974 houve nova mudança, fixando um padrão.

    Assim, as Pumas 1973 possuem detalhes de dois momentos da Puma. O painel já possui os cinco relógios e a preocupação com o acabamento já se faz ver nas marcas Puma espalhadas pelo carro. Porém os limpadores ainda são invertidos, os faróis possuem bolhas. Como se fosse o melhor de dois mundos.

    As bolhas do farol eram de acrílico. Até 72 havia pequenas entradas de ar abaixo dos pára-choques para garantir a entrada de ar. Em 73 tais entradas desapareceram das fotos. Porém, os buracos e acabamentos no farol continuaram. Ninguém soube informar como era feita a circulação de ar. Após muita pesquisa, encontrei uma foto de época que mostrava pequenas entradas de ar, logo abaixo do pára-choque. Sem uma informação melhor, utilizei este mecanismo.

    As borrachas utilizadas são do Fusca:

       

    Existem dois canos para cada farol, um abaixo do pára-choque que é ligado à borracha na média altura do farol e outro que sai de baixo da lente do farol e despeja a água que porventura entrar  fora do carro.

    Os cintos de segurança possuem a cara da Puma. São idênticos os VW da época, abdominais.

       

    Os botões do painel era de plástico pretos. Possuíam diversos formatos e um era pintado.  Foram utilizados os botões originais do carro.

    Os instrumentos foram restaurados, pois estavam amarelados.

    Todos os fios foram substituídos, utilizando o esquema elétrico original como guia de cor e ligação.

    As partes de metal foram tratadas.

    Os emblemas originais foram guardados, pois a cromeação dava sinais de fadiga. Foram compradas reproduções fiéis.

    As rodas são iguais às originais do carro. Ficou fácil saber quais eram pois ele ainda possui o estepe original, com o pneu original.

    Os pneus originais não existem mais. Eram Pirelli. Os pneus traseiros ainda existem, mas geralmente são usados para o transpor de carga e possuem um desenho rústico. Porém a Goodyear possui a medida com desenho "passeio". Os dianteiros eram 165SR14.  Após alguma pesquisa, transformei em valores de hoje: 165/82R14. Tinha duas opções, manter o mesmo diâmetro ou manter a mesma largura. Porém, manter o mesmo diâmetro é o mais lógico, seja por questões mecânicas do carro, seja por questões estéticas, pois de lado o carro teria o mesmo tamanho e aspecto que o original.

    O tanque de combustível era o de fusca adaptado. Hoje ainda se encontra tanques para Puma, mas com o desenho do Fusca moderno. isso obrigou a restauração do original. Ele recebeu um banho de ácido para retirar toda sujeira e ferrugem acumuladas nestes anos. Depois recebeu um revestimento interno de resina especial resistente à gasolina e, principalmente, ao álcool. Finalmente foi pintado.

    Esta foto é importante:

       

    No catálogo de peças da Puma há a previsão da trava giratória interna, para evitar que a porta fosse aberta acidentalmente. Durante a restauração eu procurei por vestígios na fibra de tal trava, sem encontrar nenhum. Quando fui examinar a fechado, verifiquei que ela possui um mecanismo ligado no que seria a trava, impedindo sua instalação.

    As dobradiças traseiras são do Gordini. A dúvida era se tinham borracha ou não. Há fotos com borracha e outras sem. O Gordini não tinha borracha. Escolhi um meio termo: tem borracha, mas ela não aparece.

    As lanternas eram da Variant. São fáceis de se encontrar, mas nunca as originais da época. Após muita procura e dinheiro consegui encontrar um par. O problema eram as borrachas da lanterna. Elas possuem um formato especial e ninguém fabrica réplicas. Acabei comprando várias usadas para formar um par em melhor estado.

    As lentes do Pisca são da Honda CB400. São facílimas de encontrar, mas como as lentes da lanterna, de má qualidade. Importei um par de acrílico da Inglaterra (saiu bem barato, sem ironia) e comprei as borrachas de acabamento.

    Todos os parafusos do carro foram trocados por novos, seguindo as especificações do manual. Dá inveja dos americanos nessa hora. Tive que procurar muito para encontra as diversas medidas previstas no manual.

    Os faróis eram os "sealed beam" ou vulgarmente conhecidos como cilibim. Porém eram trocados por "Bi-iodos" ao saírem da fábrica. No caso do meu carro, havia uma etiqueta num dos faróis com 1972. Decidi colocar Cibies novos o que se tornou um problema, pois eles não existem mais. Nada que em dois anos não se resolvesse...

    Outra pesquisa árdua foi encontrar as soleiras da porta feitas em alumínio com um desenho especial, imitando as sandálias havaianas. Cheguei a contactar uma empresa para encomendar uma fornada de chapas de alumínio com o tal desenho. Quando, do nada, surgiu no mercado livre alguém vendendo as tais soleiras.

    Os botões das fechaduras têm um acabamento mais arredondado, pois usavam as peças VW de 72. A maioria das Puma tem estes botões maiores e mais angulosos. Não sei se a partir de 74 eles mudaram, mas acredito que não.

       

    O retrovisor era uma cópia do modelo Panther. Não tenho certeza se era uma cópia ou o próprio modelo. Porém, a Puma não se preocupava muito com isso, pois muitos dos carros vendidos simplesmente vinham sem retrovisor. Eu decidi colocar um Panther original, com a sua original borracha de acabamento, esta sim rara.

    As canaletas, ou pingadeiras, foram outra dúvida cruel. Eu verifiquei numa Puma 1972 spyder um formato elaborado do alumínio, muito provavelmente um perfil. Porém a maioria utiliza um formato mais simples, com apenas uma dobra. Após olhar em muitas fotos, em algumas Pumas originais e fazer outras pesquisas, decidir ir pelo caminho mais simples.

    O rádio escolhido é um Mitsubish da época. A Puma não tinha rádio original, apesar de em algumas fotos os carros aparecerem com antenas originais.

    Os limpadores são da época, ainda pintados originalmente em alumínio fosco.

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