Chassi.

    O primeiro passo foi retirar a carroceria do chassi. Até aí tudo bem. O segundo passo foi restaurar o chassi. Novas descobertas.

    O meu carro usava chassi de Karmann Guia TC. Claro que não existe mais. Há reproduções, péssimas. Pensei em importar dos EUA. O mesmo pensamento que você acabou de ter, eu tive, e desisti da idéia. A questão toda era usar o assoalho que estava no carro ou comprar um novo de Fusca e adaptar. Depois de comparar o que estava com o novo, seja no desenho, seja na qualidade, fiquei com o velho. Havia alguns podres, que foram removidos e substituídos por partes de assoalhos novos. Sim, eu comprei dois novos para brincar um pouco.

    Antes que alguém me chame de louco, uma explicação: entra água em Puma. Pouco água (pelo menos no meu!) mas o suficiente para transformar os assoalhos em piscinas, em criadores de ferrugem. Não é raro encontrar Pumas sem metade do assoalho, que foi comida pela ferrugem. Assim, fazer um serviço bom  nos assoalhos evita dissabores, como perder bancos, por eles caírem por buracos no carro.

    Definido o procedimento com as peças, surgiu uma idéia louca de tratar o assoalho com um produto usado para tratar tanques de combustíveis submersos no oceano. Pode parecer coisa de milhões de dólares, mas o tal tratamento é barato, só o dobro do que custaria uma lata de tinta preta. Porque ninguém usa? Porque é pestilento, mal cheiroso e sabe Deus o que faz com a saúde de quem aplica. O fibreiro descobriu isso depois de aplicar: a oficina, as roupas e a pele dele ficaram pintadas de preto e cheirando alcatrão por muitos dias. Detalhe: não saí com água (claro!)

    Bem, vamos à brincadeira.

    Está é uma foto do chassi, após tirarmos tudo dele e ser submetido a um jato de areia.

               

    Se você olhar com atenção verificará que a manta asfáltica do túnel não saiu (foi tirada depois) e que milagrosamente só algumas partes foram comidas pela ferrugem.

    O primeiro passo foi pintar:

               

    Pintar significou trocar partes do assoalho. Passar uma camada de proteção normal e depois passar o tal protetor especial a base de alcatrão e revestimento epóxi.

    Então o chassi foi para o mecânico para que fosse colocados os assessórios (motor, por exemplo).

    O primeiro passo foi verificar todos os canos que passam pelo chassi: acelerador, ar quente, embreagem e outros.

    Cabe agora um comentário sobre a restauração de uma automóvel antigo. O primeiro impulso é simplesmente trocar tudo. O problema, além do custo, é que muitas peças hoje disponíveis são diferentes das da época ou, simplesmente, são muito piores. Outras são bem melhores.

    A solução que encontrei foi simples: verificar o estado da peça original. Uma nota de 1 a 10 era dada. Se a peça tirava 8 ou mais era mandada para limpesa e reaproveitada. Menos do que isso era separada para substituição.

    As peças que foram compradas seguiram uma ordem de origem: originais VW, de marcas conhecidas (originais VW sem o VW) e a disponíveis. Estas peças eram compradas com as originais e analisada a vantagem da troca. Algumas peças que tiraram menos que 8 foram utilizadas, pois as peças novas eram nitidamente inferiores em qualidade. Um bom exemplo são os retentores da suspensão dianteira. Foram importados retentores novos do EUA, mas as peças que chegaram era inferiores as nacionais. Estas foram limpas e tratadas e foram novamente usadas.

    Depois de tudo isso posso dizer que foram trocadas 80% das peças. Só não foram trocadas algumas peças da suspensão dianteira, o câmbio, a carcaça da ventoinha e o distribuidor. Interessante notar algumas excentricidades: a bomba de combustível e os carburadores foram trocados pelo originais. A bomba de combustível foi comprada nova, de estoque muito antigo, e por cinco vezes o preço de uma nova. Os carburadores foram totalmente restaurados por um senhor que tem como "hobby" trabalhar com carburadores (ele se aposentou e sentiu saudade do trabalho). Foram quatro meses de espera, mas valeu a pena.

    A seguir fotos de algumas peças:

           

           

    A primeira foto mostra uma borracha de vedação do chassi. No chassi VW existem pelo menos 20 borrachas de vedação, seja de cabos, seja de encaixe. A que eu mostro veda a passagem dos cabos de embreagem e acelerador de dentro do carro para fora. Ela veio dos EUA pois no Brasil nunca ninguém deu muita importância para isso. Recebi borrachas de vários cantos do país. A VW tem um controle de estoque maluco, que envia para Goiás vinte acabamentos de chassi e se alguma concessionário precisar, ela tem que encomendar em Goiás. Que a VW não leia isso: um catálogo de peças do Fusca, e um funcionário atencioso permitiram acessar quais peças ainda estavam no "estoque" e comprar o que precisava.

    A seguir o chassi tomando forma:

           

           

    Dica para quem pretende restaurar um VW: se preocupe com o freio. O caninhos do fluído de freio, as pinças do freio dianteiro estão cada vez mais difíceis de serem encontrados. Alguns dos canos tiveram que ser feitos sob medida. Porém, discos e cilindro mestre tem de todos os tipos e preços.

    Trataremos do motor em outra página, pois ele merece uma atenção especial.

    Todas as borrachas originais do chassi foram trocadas. Originais VW só não foi a da foto acima. Quando um cano passa pelo chassi existem borrachas de acabamento para evitar a entrada de água, o contato de partes de metal, e garantir o silêncio. Todas estas borrachas foram colocadas na montagem do chassi.

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